Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus,
santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade,
mansidão, longanimidade;
Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos
uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos
perdoou, assim fazei vós também.
Colossenses 3:12,13
O texto bíblico para
a nossa meditação traz dois versículos munidos de verdades extraordinárias. Na
primeira parte, Paulo aborda a importância do cristão ser revestido de virtudes
e o que isso representa para a vida cristã. Já na segunda parte, Paulo aborda a
questão da mutualidade e do perdão, cujo padrão é o Cristo de Deus.
O texto em si, trata
de características inerentes à vida cristã, levando os servos de Deus a compreenderem
o sentido, e do que precisam para viverem em comunidade.
AS VIRTUDES RESGUARDAM
Virtude é uma qualidade
moral, uma inclinação à prática do bem. São hábitos constantes que levam
o indivíduo para o caminho do bem. Tais definições estão em conformidade com o
que é correto, aceitável ou esperado de quem afirma ter sido transformado por
Cristo.
Ao usar a expressão revesti-vos,
o apóstolo aponta as virtudes mencionadas por ele – misericórdia, benignidade,
humildade, mansidão, longanimidade – como promotoras de
uma verdadeira proteção à vida dos cristãos. As virtudes aqui, não são apenas
qualidades morais, mas hábitos que, se praticados de forma constante, têm o poder
de nos resguardar dos muitos males que cercam a caminhada cristã.
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus,
santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade,
mansidão,
longanimidade;
[v. 12] |
A misericórdia tem como principal
característica o sentimento de compaixão despertado pela situação de miséria
ou desgraça alheia. Significa que exercer misericórdia é ter a capacidade de
sentir aquilo que a outra pessoa sente, colocando-se no seu lugar, experimentando
sua dor.
Essa experiência move
o cristão a sair da sua zona de conforto e mover-se em direção àquele por quem
se compadeceu, tendo como finalidade, ajudá-lo a sair daquela situação de infelicidade.
Sem dúvida essa virtude
é uma das mais sublimes, pois torna o cristão mais próximo de Deus, e
representa atitudes semelhantes às praticadas por Ele, além do mais, o
exercício da misericórdia não está ligado a interesses pessoais, mas à bondade
e à graça.
Além da compaixão,
outro ponto ligado à misericórdia é o perdão, sobre o qual falaremos mais
adiante. Por estes e outros pontos, revestir-se de misericórdia é
resguardar-se, pois como diz as Escrituras: Porque
o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia
triunfa do juízo.
(Tiago 2:13)
A
benignidade, qualidade do que é benigno, generoso, benevolente, é a
segunda virtude mencionada por Paulo. Essa virtude confunde-se com a primeira e
com algumas outras, visto que envolve o mesmo hábito, o de ser misericordioso e
bondoso com o próximo.
Esses
são hábitos espirituais, visto serem tratados em Gálatas 5: 22 como frutos do
Espírito. Revestir-se de benignidade é resguardar-se, como diz as Escrituras: Benignidade e verdade guardam ao rei, e com benignidade
sustém ele o seu trono. (Provérbios
20:28)
A
humildade é a virtude de quem age com simplicidade. A pessoa
humilde reconhece suas limitações e não transfere para os outros a
consequências de suas ações. Ele assume suas responsabilidades, sem arrogância,
prepotência ou soberba.
Gálatas
5: 22, mostra que a humildade é também um fruto do Espírito, ou seja, uma
característica inerente aos que andam no Espírito de Deus. O indivíduo que traz
essa característica considera os outros superiores a si mesmo ou no mesmo nível
de dignidade. Vale lembra que o apóstolo Paulo escrevendo aos Filipenses,
disse: Nada façais por contenda ou por
vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. (Filipenses 2:3)
A
humildade ajuda a construir uma vida santa, assim, revestir-se de humildade é
resguardar-se, pois esta precede à honra, como está escrito: O temor do
Senhor é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a humildade.
(Provérbios 15:33)
A
mansidão é a virtude de quem é manso, pacífico, de temperamento
fácil. Alguém que saber reagir de forma branda em qualquer situação. A pessoa
que cultiva essa virtude, aprende a controlar suas emoções, vendo cada situação
por ângulos diferentes, ponderando cada um, e consequentemente, tomando as
decisões com mais coerência e sabedoria e não de forma tempestuosa.
Vale
ressaltar que mansidão não é sinal de fraqueza, mas de sabedoria. Quem age com
mansidão tende a errar menos e a tomar decisões mais acertadas. Portanto,
revestir-se de mansidão é resguardar-se, pois nos ajuda a olharmos para nós
mesmos a fim de não cairmos, como está escrito: Irmãos, se algum homem chegar a ser
surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com
espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.
(Gálatas 6:1)
A
longanimidade é a virtude que envolve a paciência, a bondade, a
generosidade. O longânime costuma ter sensatez e discernimento quando se trata
de enfrentar e resolver as adversidades. Sua paciência extrema é importante
para suportar as ofensas, as injúrias, os sofrimentos e também é uma verdadeira
arma estratégica na sua caminhada cristã.
Revestir-se
de longanimidade é resguardar-se, pois por ela conseguimos vencer batalhas,
como está escrito: Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua
branda amolece até os ossos. (Provérbios 25:15)
Um
exemplo claro de servo virtuoso, foi a vida de José, filho de Jacó. Ele exerceu
misericórdia e benignidade, não apenas perdoando, mas também suprindo as
necessidades de seus irmãos, que o havia vendido como escravo a mercadores que
passavam a caminho do Egito. Ele foi humilde e paciente, sabendo esperar no
tempo de Deus para compreender todos os fatos que o levara àquele lugar e
momento. Sua mansidão o forjou como homem honesto, justo e santo.
MUTUALIDADE
E PERDÃO
Deus
sempre valorizou o viver em comunidade. Isso é evidenciado em Gênesis, quando
Ele cria a família que é a base de toda e qualquer civilização ou sociedade.
Essa compreensão é partilhada por aqueles que lideraram o povo de Deus ao longo
dos séculos, inclusive, pelos apóstolos do Novo Testamento.
Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, [v. 13a] |
Aqui,
Paulo, o apóstolo, corrobora com essa ideia ao utilizar, inclusive, de
redundância ao expressar os verbos de forma pronominal junto à expressão uns
aos outros.
Isso
indica que a ação é refletida no próprio sujeito que a executa ou, no caso de
mais de um sujeito, que se trata de uma ação recíproca que reflete em todos os
sujeitos.
De
fato, o que o apóstolo está pedindo é que os irmãos sejam recíprocos no cuidado
uns dos outros e que isso seja uma ação, não apenas de um membro, mas de todos
os membros da comunidade.
Esse
suportar-se uns aos outros somente é possível, quando todos cultivarem aquelas
virtudes descritas no verso 12. É a única forma de convivência sadia em
comunidade. Aqui voltamos à primeira virtude listada por Paulo: a misericórdia.
Como
suportar alguém senão pelo exercício da misericórdia?
Na
primeira parte da nossa meditação, a misericórdia está mais ligada à compaixão
despertada pela miséria ou infelicidade do ser de quem nós nos compadecemos,
mas aqui, nessa segunda parte, não muito diferente, a misericórdia está ligada
ao exercício do perdão a supostas ofensas sofridas.
Paulo
está mostrando o caminho que a igreja deve seguir para conviver, enquanto
comunidade, de forma sadia e sem maiores percalços.
O
perdoar-se uns aos outros é o que torna possível o suportar-se uns aos outros,
mas aí vem algumas perguntas: quantas vezes devo perdoar? Quem perdoa
esquece? Como perdoar?
PERDÃO
– CRISTO É O PARÂMETRO
Para
responder aos questionamentos levantados no tópico anterior precisamos
mergulhar profundamente na ordem divina ‘imposta’ aos que O servem.
Ao
imergirmos nessa reflexão, uma nova pergunta surge – Como Cristo me perdoou?
Somente cada pessoa, individualmente, poderá responder a essa pergunta.
Ao
ponderarmos na forma como Cristo nos perdoou, podemos mensurar ou pelo menos
vislumbrar uma ideia de como se deu esse perdão. Cabe a cada indivíduo fazer
uma profunda reflexão de como era sua vida antes de conhecer a Cristo e, a
partir dessa reflexão, formular novas perguntas que ajudarão a responder às já existentes.
De
que pecados ou impiedades Cristo precisou me perdoar?
Ser
perdoado por Cristo me pareceu bom ou ruim?
Essa
última, até parece uma pergunta sem sentido, mas não é. Isso porque a parábola
do credor infiel mostra que há, no ser humano, uma inclinação natural ao
esquecimento da reciprocidade do perdão.
Em
suma, essa parábola narra a história de um homem que devia certa quantia a seu
senhor, da qual não poderia pagar e, para não ser vendido como escravo com sua
família, suplicou o favor daquele senhor, obtendo o perdão de sua dívida.
Porém, não usou da mesma misericórdia como o seu conservo que lhe devia, antes,
ordenou que fosse encerrado na prisão até que saldasse toda a dívida.
É
claro que ser perdoado por Cristo foi algo maravilhoso e continuamos a sê-lo
todos os dias. E tem mais, perdoar não é uma opção, perdoar é uma ordem divina.
E,
Paulo traz o parâmetro que mostra a forma como devemos exercer esse perdão. Ele
mostra que devemos perdoar da mesma forma como fomos perdoados por Cristo – Ele
é o parâmetro.
Se
levarmos em consideração que pecamos todos os dias e, portanto, carecemos do
perdão de Deus todos os dias, várias vezes ao dia, nem deveríamos perguntar – quantas
vezes devo perdoar?
Um
ponto importante diz respeito ao ato ofensivo. O ato de perdoar não gera o
esquecimento dessa ofensa, porém as lembranças dela não interferem no
relacionamento entre os sujeitos envolvidos no processo. Outro ponto importante
é que perdoar não implica em pactuar com a ofensa feita.
Muito bom.
ResponderExcluirTexto bem esclarecedor, que Deus em sua infinita graça abençoe poderosamente você e sua família meu irmão em Cristo
Obrigado pastor.
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